(Sobre meu aniversário, hoje, 26 de agosto, acompanhado de Michael, João Lua, Max, Iara & outros mais...)
Parodiando o Millôr:
...........................Velhinho bacano
.................Ainda banca
.............................O ser humano
Mas tô longe da autocomplacência ou do medo da idade. Ainda exibo todos os sintomas da infância, inclusive um constante maravilhamento com o mundo, o encantamento com as pessoas & coisas e a completa ignorância do funcionamento de uma escada rolante. Algumas coisas passaram com o tempo, como o marxismo, o rock’n’roll, as pernas da Catherine Deneuve e o medo de alma – esse substituído por um salutar medo do que vai na alma das pessoas. Mas ainda tenho a capacidade de indignar-me com o mundo, de sofrer, de rir, de morrer de raiva das injustiças e de acreditar em amor à primeira vista ou mordida. Com o tempo ainda virão aprendizados de lidar melhor com os sentimentos, com as pessoas, com a inevitabilidade das coisas. Com o tempo e talvez!, que às vezes prefiro ficar sempre assim, que a tal maturidade de vez em quando se parece demais com acomodação e com o baixar as armas.
Nesse último ano, escrevi mais (e acho que até melhor, um pouco), pensei mais, li mais, falei mais (e demais, às vezes), e ri muito, muito. Descobri coisas fantásticas nos livros, na internet e nas pessoas. Descobri algo, principalmente, de que já desconfiava: se a gente abandonar a rotina e o medo e a segurança, a gente percebe que sabe sempre só a ponta do iceberg – principalmente das pessoas. E viver pode não ser nada perigoso, pode ser muito, muito gostoso – mesmo quando dói.
E às vezes vêm surpresas tão boas que parecem uma espécie de realismo fantástico – estar em Inhotim, por exemplo, e amar de novo, completa e inteiramente, com o sentimento de deslumbramento & gostosuras do mundo e agradecendo ao Velho Continente por ter devolvido Mari.
Então, ano novo pra mim, de armas e bagagens em cima de Rocinante, para as delícias, desafios, travessuras, dores e amores que por aí apontam. Fazer como Sócrates, que, ao ser condenado à morte, faltando cinco minutos para o fim, estava aprendendo a tocar uma ária na flauta: perguntado por um guarda o porquê de aprender aquela ária já que ia morrer em poucos minutos, ele retruca, espantado: “ora, pra saber essa ária antes de morrer!”
Entrelinhas, entremontes
Há um ano
3 comentários:
vc faz aniversário e a gente q ganha presente?
feliz, feliz com vc!
Caríssimo, parabéns pelo aniversário e pela escrita!!! Um grande abraço e muitas felicidades!
Parabéns querido, já meio atrasado, com um pouco de saudades, de salinas, dos outros. Lindo bolo de aniversário!
Postar um comentário