31 de jul. de 2009

A Tradição Ocidental

Fico às vezes decepcionado com o rumo que a crítica à civilização ocidental toma. Coloquei há alguns dias um questionário sobre raças, onde, de brincadeira, postei como alternativa: “branco mas com sentimento de culpa em relação a isso”. A crítica à civilização ocidental – conduzida majoritariamente por ocidentais – vai acabar fazendo algo parecido a sério...

Sou um fã incondicional da tradição ocidental. Os grandes avanços técnico-científicos foram indubitavelmente conquistas “ocidentais”, ou quando não, depois que o modo de produção ocidental foi implantado, copiado ou exportado para os demais países. A experiência ocidental é única, com sua crença na razão, seu individualismo e suas instituições políticas – fora do ocidente o conceito de democracia e república são inexistentes como idéias nativas. A experiência humana conduzida pelo ocidente nos deu uma criação e distribuição de riquezas sem precedentes na história; em nenhum outro lugar o sistema de saúde, a participação política, a liberdade e a igualdade entre as pessoas atingiu tais níveis. Entretanto, há um lado negro que todos conhecem: divisões sociais, armamentismo, guerra, dominação, opressão, etc. Acho que esquecemos que fora do ocidente, sem a influência do ocidente, só existiram impérios e ditaduras, e mesmo no tão falado e reverenciado oriente “espiritual” a longevidade média até 50 anos atrás era de 30 anos e não havia uma única experiência democrática, sendo o mais comum a divisão entre castas e classes sociais rígidas.

Essa defesa não significa que eu seja cego à grande destruição, pilhagens, morticínio, opressão, dominação, extinção de culturas inteiras, que foram cometidas nos últimos milênios. O que digo é que é a única tradição humana que permite a realização plena do ser humano em toda a sua capacidade – isso para o bem ou para o mal. Aristóteles: "Assim como o homem é o melhor dos animais quando atinge sua plenitude, torna-se o pior quando separado da lei e justiça. A injustiça armada é, efetivamente, a mais perigosa; o homem nasceu com armas que devem servir à sabedoria prática e à virtude, mas que também podem ser usadas para fins absolutamente opostos. Portanto, sem virtude o homem é o mais selvagem e inescrupuloso dos animais. "

Bom, pensando nessas questões, encontrei uma aula de introdução aos gregos clássicos que é também uma introdução à história da cultura ocidental, dada pelo prof. Donald Kagan na Yale. Traduzi e legendei a primeira aula, e coloquei no Youtube, quatro vídeos com um tempo total de 33 minutos. Assistam e vejam quão lúcida é a abordagem do Prof. Kagan (claro que eu acho lúcida, já que ele concorda comigo!)...

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