23 de jun. de 2009

Sarney


A primeira vez que eu li um trecho de um livro do Sarney foi na Veja, quando ele publicou o "Marimbondos de Fogo". Achei que fosse ser um daqueles livros que os "altos dignatários" escrevem pra se dizer parte da elite intelectual do país, seja lá o que for isso - um daqueles tomos que misturam linguagem jurídica com bula de remédio e arremedos de linguagem popular, advogados tentando desajeitadamente entrar pra ABL. Mas consegue ser ainda pior! E olha que só li trechos. Mas outro livro, o Brejal dos Guajás, ganhou uma magnífica resenha do Millôr, que reproduzo abaixo. Pra mostrar que o sujeito que é capaz de escrever um livro desses é capaz de qualquer coisa! Desse tipo de subliteratura à "subliteratura" (nesse caso, "sub" de "subterrânea) dos atos secretos...
"O Brejal só pode ser considerado um livro porque, na definição da Unesco, livro "é uma publicação impressa com um mínimo de 49 páginas"
..........Brejal é livro de um autista. Há mais solecismos do que concordâncias, as idéias nunca se completam e sempre se contradizem. A cidade onde acontece a história não tem escolas, mas tem professores e alunos, não tem telégrafo, mas transmite e recebe telegramas, não tem edifícios públicos, mas tem prefeito, prefeitura, juizado de casamentos, dois cartórios, ostenta uma força policial de pelo menos 12 homens (relativamente o Rio teria que ter meio milhão de policiais), é dominada por dois primos "de pais diferentes!!'!", só tem duas ruas (uma impossibilidade urbanística), tem duas orquestras, e comporta ainda mercado, lojas e igreja matriz. Essas duas espantosas ruas de apenas 120 casas abrigam uma população de 12.683 pessoas (105 pessoas por casa). O verdadeiro baião do maranhense doido!
..........Ou isso é o mais maravilhoso realismo mágico de que eu jamais tive notícia, obra esfuziante de um gênio que só vai ser compreendido daqui a séculos, ou estamos diante da mais espantosa incapacidade de expressão da literatura universal.
..........Brejal dos Guajás, do Sarney, é um desses livros que quando você larga não consegue mais pegar."
Millôr Fernandes

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