Um documentário do Pasquim passou no canal Futura no sábado - bastante interessante, apesar de eu conhecer bem a história do jornal e ter sido até assinante. Um destaque para as frases que vinham na capa - lembrando que estavam em plena ditadura:
"Quem tem jornal tem medo"
"Pasquim - um jornal que não pode se queixar"
"Quem é vivo sempre desaparece"
"Mais verde de susto que de esperança"
Além dessas, de enfrentamento através do humor e do duplo sentido, tinham algumas assim: "Jacqueline não só nasceu com o rabo virado pra lua como soube usá-lo". Mas não era sobre isso que eu queria falar: procurando mais coisas do Pasquim on line, acabei topando com o site Cloaca News e umas manchetes hilárias. Abaixo algumas das manchetes (íntegra aqui):
"Um teólogo francês, após exaustivas pesquisas, descobriu que Santa Terezinha teve três filhos. A descoberta, absolutamente, não comprometia o prestígio da santa, já que nada mais santo para uma mulher que ser mãe. Mas como constava no seu processo de canonização que ela era virgem, foi nomeada uma comissão no Vaticano para rever o processo. A notícia era só essa. Todos os jornais a publicaram discretamente, como convinha a uma notícia de caráter religioso, numa página interna. Todos não. O Luta Democrática, antigo jornal carioca especializado em assuntos policiais, estava sem manchete naquele dia. E quem pagou o pato foi a pobre Santa Terezinha. Na primeira página, em letras garrafais, ao lado de uma foto da santa, saiu a seguinte manchete: “PASSAVA POR VIRGEM”.
(...)
Se para o diário dos quatrocentões da Marginal Tietê o título não é tão importante assim, para quase todos os jornais ele é quase fundamental. Tanto que, pelos idos de 1940, o extinto vespertino A Noite, do Rio de Janeiro, dava um prêmio de cem mil réis ao redator que fizesse a melhor machete da semana. Orestes Barbosa, o compositor de Chão de Estrelas, era redator de A Noite e ganhou o prêmio numa semana em que deu o seguinte título para a notícia de uma mulher que havia castrado o marido porque este a traía diariamente: “CORTOU O MAL PELA RAIZ”."
Algumas de que me lembro: quando diagnosticaram que o Papa (Paulo VI, acho) tinha o pé gangrenado, um jornal do Rio estampou a manchete: "PODRE O PÉ DO PAPA!". E uma legenda ótima de uma foto onde o fotógrafo estava cobrindo a primeira travessia do Atlântico de avião até o Brasil. Não sei se por falta de tempo, esperteza ou incompentência, o jornal foi fechado com a legenda falando "Foto do local da chegada do avião tal ao Rio, quando ainda não se o via"! E como crítica literária, só perdendo para o Truman Capote falando dos beatniks ("Isso não é escrever, é datilografar!"), outra do Cloaca News:
"O título é importante, inclusive, numa crítica de cinema, teatro, literatura etc. Por exemplo: há muitos anos, quando José Mauro de Vasconcelos lançou um livro, bastou ler o título da crítica, feita pelo Jornal da Tarde, para saber que o crítico não tinha gostado nem um bocadinho do livro: “JOSÉ MAURO DE VASCONCELOS ANDOU ESCREVENDO OUTRA VEZ”"...
30 de jun. de 2009
Manchetes
29 de jun. de 2009
Inimigos
Assisti a mais um episódio do QI ontem - Quite Interesting, programa da BBCFour apresentado pelo Stephen Fry. Programa de "perguntas impossíveis" que premia a resposta mais criativa, já que teoricamente as perguntas são irrespondíveis. Eu me espanto com o tamanho da cultura inútil do programa - e adoro, claro. Por exemplo, falando sobre publicidade: qual o grande erro cometido pela empresa Gerber, de comida para bebês, ao lançar seus produtos na África? Resposta: como grande parte dos africanos não sabe ler, as caixas dos produtos tradicionalmente contém uma foto ou desenho do que está dentro! Imaginem aquele tanto de caixas com fotos de bebês estampados, o horror que não deve ter causado... a não ser para canibais, imagino, ainda mais com aqueles bebês texanos branquinhos e suculentos das fotos. Um dito do Confúcio: "O homem sábio sabe o que é certo, o homem inferior sabe o que vender". E uma das últimas: um general espanhol está no leito de morte, com um padre ao lado tentando levá-lo a se arrepender dos pecados e atingir o reino dos céus. Pergunta se seria capaz de perdoar aos seus inimigos. "Não", responde o general, "Não tenho inimigos". Diante do sorriso embevecido do padre, acrescenta rapidamente: "Mandei fuzilar todos!".
Post Scriptum: lembrei de mais duas pérolas da propaganda: a cerveja Guinness pediu a um conhecido escritor (alcóolatra) um slogan para sua campanha de lançamento e ele se saiu com essa: Embebeda mesmo! (Gets you drunk!) Aqui no Brasil o lançamento do Corsa teve uma certa polêmica devido ao fato da corsa ser "a mulher do veado"... além da ótima campanha apócrifa, Aurélio: Bom pra burro!
25 de jun. de 2009
Dizendos
Eu gosto muito dos aforismos - frases engenhosas, por assim dizer, ou no dicionário: "máxima ou sentença que em poucas palavras contém uma regra ou um princípio de grande alcance; dito sentencioso". Ou o que em francês diz-se bon mot. Mencken: Democracia é a arte e a ciência de dirigir o circo a partir da jaula dos macacos... aliás, o Mencken é ótimo nessas coisas: na década de 20 houve o Monkey Trial, o julgamento de um professor por estar ensinando a teoria da evolução nas escolas de um estado americano, até então coisa proibida - somente a versão bíblica podia ser ensinada. Quando o promotor acusou o professor de estar ensinando que o homem descendia dos macacos, Mencken, que cobria o julgamento, levantou-se pra dizer que então os macacos é que deviam estar processando o professor. Eu pessoalmente não faço distinção entre bons mots e aforismos, gosto mesmo é da engenhosidade e da percepção ou recorte da realidade que trazem, quase o mesmo do humor puro, uma confrontação com idéias aceitas. Alguns revisitados: há pouco tempo, o filme "300" trouxe de volta um dos mais famosos da antiguidade, os espartanos respondendo aos persas, que diziam conseguir cobrir o céu com suas flechas e tapar o sol: "Melhor: combateremos à sombra". Millôr corrige o episódio no verbete "Bravura", da Bíblia do Caos: "Quando não se pode recuar só nos resta ser bravos. Os persas eram muito mais fortes e o desfiladeiro não tinha saída. Por isso combatemos à sombra." O general De Gaulle disse (dizem) que o Brasil não era um país sério; logo o Otto Lara Resende, se não me engano, completou: - "Antes do De Gaulle dizer isso, todo brasileiro sério já sabia disso". Com bons motivos, aliás - Bob Fields conta em sua biografia que quando foram apresentar a Juscelino suas idéias para o mais famoso plano de desenvolvimento brasileiro, o presidente, que os recebia em casa, dentro de uma banheira, com um charuto nas mãos e copo de uísque na outra, quis saber:
- E que nome nós vamos dar a esse plano?
- Pensamos em "Plano de Metas"!
- Plano de Metas?!? Mas justo nós, que já temos fama de metedores?!
23 de jun. de 2009
Sarney
A primeira vez que eu li um trecho de um livro do Sarney foi na Veja, quando ele publicou o "Marimbondos de Fogo". Achei que fosse ser um daqueles livros que os "altos dignatários" escrevem pra se dizer parte da elite intelectual do país, seja lá o que for isso - um daqueles tomos que misturam linguagem jurídica com bula de remédio e arremedos de linguagem popular, advogados tentando desajeitadamente entrar pra ABL. Mas consegue ser ainda pior! E olha que só li trechos. Mas outro livro, o Brejal dos Guajás, ganhou uma magnífica resenha do Millôr, que reproduzo abaixo. Pra mostrar que o sujeito que é capaz de escrever um livro desses é capaz de qualquer coisa! Desse tipo de subliteratura à "subliteratura" (nesse caso, "sub" de "subterrânea) dos atos secretos...
"O Brejal só pode ser considerado um livro porque, na definição da Unesco, livro "é uma publicação impressa com um mínimo de 49 páginas"
..........Brejal é livro de um autista. Há mais solecismos do que concordâncias, as idéias nunca se completam e sempre se contradizem. A cidade onde acontece a história não tem escolas, mas tem professores e alunos, não tem telégrafo, mas transmite e recebe telegramas, não tem edifícios públicos, mas tem prefeito, prefeitura, juizado de casamentos, dois cartórios, ostenta uma força policial de pelo menos 12 homens (relativamente o Rio teria que ter meio milhão de policiais), é dominada por dois primos "de pais diferentes!!'!", só tem duas ruas (uma impossibilidade urbanística), tem duas orquestras, e comporta ainda mercado, lojas e igreja matriz. Essas duas espantosas ruas de apenas 120 casas abrigam uma população de 12.683 pessoas (105 pessoas por casa). O verdadeiro baião do maranhense doido!
..........Ou isso é o mais maravilhoso realismo mágico de que eu jamais tive notícia, obra esfuziante de um gênio que só vai ser compreendido daqui a séculos, ou estamos diante da mais espantosa incapacidade de expressão da literatura universal.
..........Brejal dos Guajás, do Sarney, é um desses livros que quando você larga não consegue mais pegar."
Millôr Fernandes
20 de jun. de 2009
O Exército
Em Ouro Preto, a fama da república era a pior possível: velhacouto de canalhas, antro de perdição, portão do mundo das drogas, etc. Nem mais nem menos que as demais, o merchandising era que era melhor: quando um professor perguntou porque a república não tinha bicho (calouro, novato que fica meio "escravinho" nos primeiros tempos, vira um faz-tudo, tem que obedecer aos veteranos), a resposta veio pronta: "Como? Só se alguém morrer de overdose pra vagar lugar, aqui ninguém forma!".
Tatá era um dos moradores - tinha sido rebatizado como era de praxe, o apelido era Tavares - um personagem do Chico Anysio. Por mérito próprio, logo virou "Travares", por motivos óbvios. A voz rouca, comportamento errático (lia Spix e Martius tomando cachaça), mantinha em seu quarto uma plantinha de estimação, de certa espécie proibida por constituir ameaça à segurança pública (adoro esses eufemismos: esses dias li num livro antigo, ao invés de "sexo"," atividade em que se engajam dois adultos de gêneros opostos para fins reprodutivos, mas não só". Adorei o "mas não só". Aliás, adoro o "mas não só", tanto figurativa quanto literalmente...).
Vai daí que a fama da república se espalha e a polícia resolve fazer uma batida preventiva. Com cachorro, escopeta e úscambau. E pegam Tatá dormindo num canto após uma noitada daquelas, "a baba elástica e bovina" pendente na boca, um caco. Levantam o sujeito com aquela delicadeza toda própria, Tatá entreabre um olho, vê aquele povaréu uniformizado, e grita, reclamando em voz alta com os demais, a voz engrolada e rouca: "Quem foi o cretino que mandou convite pro exército?!" Pláft!, coronhada na cabeça. Caiu só o pacote pro lado.
Logo depois, a república revistada de alto a baixo, a plantinha foi desentocada do quarto e estava sendo recolhida. Tatá junta forças, se levanta num salto e com o dedo em riste ameaça o herege: "Se você TOCAR nesse plantinha, eu ligo pro IBAMA agoooora!". Pláft!, outra coronhada.
19 de jun. de 2009
Ai, ai...
Passando próximo a um prédio em construção, ao lado do Canto de Minas, no alto da Afonso Pena. O vigia tinha ficado "íntimo", de tanto ver a gente no buteco. Já se sentia da turma. Depois de uma noitada especialmente entornada, no dia seguinte eu e o Comendador vamos descendo a Afonso Pena, devidamente trajados para o dia de trabalho, gravatas, paletós, aplomb, a noite só na memória. Não durou muito tempo:
- Aí, Comendador, mandou ver ontem, hein!
- É, he he... (apressa o passo, olha desconfiado pros lados, pra ver se tinha algum conhecido por perto)
Mas o inconveniente não ia deixar barato:
- Cês encharcaram ontem, pô, cês são forte mermo! Contei umas 40 garrafas!
Não vendo outra saída, o Comendador admite a contragosto:
- Realmente, me entusiasmei, ontem eu estava um tanto ébrio...
E o vigia, triunfal:
- E tava bebim também que eu vi!
18 de jun. de 2009
Duólogos
Enoque é de Vitória da Conquista - baiano arretado. Mais mineiro impossível. Mas faz saber a ascendência e a valentia da terra natal, seus filhos ilustres, o passado tormentoso.
- E então, Enoque, como anda a terrinha? Povo bravo?
Os olhos brilhando, sorriso bom:
- Ah, rapaz, naquela terra capeta anda agachado com medo de tiro!
17 de jun. de 2009
Anúncios
Sou aficcionado por quinquilharias, principalmente eletrônicas. Mercado Livre, Balcão - às vezes fico sapeando só pra saber "as novidades". Quase comprei uma espada usada na guerra do Paraguai uma vez, e cheguei a comprar dezenas de brinquedos eletrônicos. Esses tempos, lendo os anúncios do Balcão, me deparei com um hilário, de uma senhora: "Troca-se: tacho de cobre usado pelos escravos por forno de microondas". Não resisti e mandei um email: "Cara senhora: tem certeza de que os escravos vão se acostumar com o forno de microondas?"
16 de jun. de 2009
Glossografia on line: Nomes
Falando de palavras, tem os nomes próprios: tantas vezes já ouvimos os muitos nomes esquisitos por aí - e se algum engraçadinho citar "Maxwell", ai, ai... tínhamos uma amiga britânica que adorava "poltrona". Dizia que se tivesse uma filha, era o melhor nome que já tinha visto pra ela. Sonoro, pleno - e dizia em voz alta, com aquele sotaque arrevezado, "poltrrrona", "poolltrrrona"... o Comendador Honório Carneiro, grande amigo e companheiro de farras, de vez em quando tinha que batizar um afilhado, em Ubá. Uma das vezes, o pai disse que o nome do menino ia ser "Gessy". O Comendador estrilou: "Mas de jeito nenhum! Que sacanagem com o menino! Gessy é nome de desinfetante, nome de produto íntimo! O menino vai ficar marcado, vai passar a vida sendo gozado. Tem que ser um nome de homem, um nome forte, um nome assim... másculo!" - ao que o pai retruca, deliciado: "Másculo! É esse o nome! Vou botar Másculo!". E o pior é que não teve jeito de voltar atrás: agora Ubá tem um Másculo de Andrade. E que é sonoro, é.
15 de jun. de 2009
Glossografia on line
Eu e minha irmã, Debi, criamos a brincadeira da "Glossografia on line", um encontro matinal para discutir palavras estranhas, bizarras e esquisitas, quando moramos juntos nos idos do século XVI. Glossografia é "a arte de elaborar glossários", sendo glossário uma "espécie de dicionário, consagrado particularmente à explicação de termos mal conhecidos (arcaicos, peregrinos, dialetais etc.)". Nos encontrávamos de manhã com palavras novas, divertidas, arcaicas, novas descobertas, palavra em desuso, novos usos para velhas palavras... era super divertido. Vou tomar para mim o espírito da brincadeira e começar a publicar alguns "encontros" com palavras. A vontade veio depois de um encontro no Bolão, onde tinha "muçarela" com ç. Certo ou errado? Eu escrevia "mussarela", com dois esses, mas já tinha visto com ç. Achava que podia os dois - não, só pode com ç, ou mais esquisito ainda, com oz (mozarela)... acho que começamos a brincadeira na época por conta, entre outras coisas, de uma tradução do Garcia Lorca que trazia "olvidado" - quem "olvida" alguma coisa atualmente? A gente esquece e pronto. O tradutor cagou no texto. Pior ainda, usou um tal "pulverulento" pra traduzir "polvoriento", que é empoeirado. Pulverulento pode até existir, mas tá no museu da língua! Chatô dizia de um determinado sujeito que ele era "o melhor escritor brasileiro em língua estrangeira", por usar termos de uma língua já morta, porque em desuso. Bão, chega, enchi. Só mais uma definição:
à: a craseado, encontro de "a" preposição com "a" artigo. Primeiro romance lésbico em língua portuguesa.
13 de jun. de 2009
Hokku
Mestre, respeito o Senhor,
mas não a sua Obra:
que paraíso é esse
que tem cobra?
Mas ali estava Adão, prontinho, feito de barro. Durante muito tempo, aliás, se discutiu se a mulher não teria sido feita antes. Mas está claro que a mulher foi feita depois. Primeiro, porque é mais caprichada. Mais bem acabada. Deus, nela, desistiu do barro e usou cartilagem. E colocou nela alguns detalhes que têm feito um imenso sucesso pelos tempos a fora. Segundo, vocês já imaginaram se a mulher tivesse sido feita antes, os palpites que ela ia dar na confecção do Homem?
- Ah, não põe isso não, põe aquilo! Ih, que bobagem, que nariz feio! Deixa ele careca, deixa! Põe mais um olho, põe! Ah, pelo menos põe um vermelho e outro amarelo, põe! Puxa, você não faz nada do que eu quero, hein? É de barro também, é? Parece um macaco, seu! Tá errado, Todo-Poderoso! Ah, não põe boca não, põe uma tromba! Ficou pronto depressa, hein? Você deixa eu soprar ele, deixa? Deixa que eu sopro, deixa!
in O homem do princípio ao fim, peça do Millôr
9 de jun. de 2009
Schifaizfavoire
"Schifaizfavoire" era um livro do Mário Prata com "traduções" do português de Portugal para o português brasileiro - acho que foi na onda da entrada de Portugal na UE, a imigração pra lá estava forte e tal. Continua interessante, curiosidades sobre os caminhos que cada língua tomou. É interessante ver como tem tantas palavras de influência árabe de uso corrente lá, assim como temos tantas palavras africanas aqui, além da influência no ritmo e na fluência. Tem versão on-line, link abaixo. Alguns verbetes:
PÁGINAS TANTAS, ÀS
Isto também é muito usado. O sujeito está contando um caso e de repente vem com esta Às Páginas Tantas... Significa A CERTA ALTURA ou EM DADO MOMENTO.
PANELEIRO
É a BICHA nativa. Uma amiga, portuguesa, me disse que estava no Brasil e viu um anúncio de cozinha que, no final, a locução dizia: acompanha amplo Paneleiro! Ela levou um susto: ficou imaginando aquela cozinha linda e uma bichona a desfilar por ela.
GUARDAFATOS
Não é nem um livro de memórias, nem um diário de adolescente. É, apenasmente, um lugar para se guardar os fatos, ou seja, os ternos, ou seja, um GUARDAROUPA.
DUREX
Não tenha vergonha de pedir, na farmácia, nos dias de hoje, uma CAMISINHA DE VENUS. Durex era a marca dos primeiros preservativos (ingleses) vendidos em Portugal. Agora, com a AIDS, existem várias marcas, mas Durex ficou. Assim como Gillete é sinônimo de lâmina de barbear em vários países do mundo. Uma amiga brasileira entrou numa loja e pediu.
- O senhor tem durex?
- Tenho, sim senhora. Quantos a senhora quer?
- Um só. Um rolo.
- Um rolo, minha senhora?!
- Sim, um rolo. Que tamanho o senhor tem?
- Normal... Bem, os maiores eu acho que devem ter uns vinte centímetros.
- Só? Não tem maior? Assim uns três metros?
- Três metros, minha senhora? TRÊS METROS!!?
FITA COLA
É o nosso DUREX, aquele de grudar as coisas. Não vá se enganar e usar fita-cola como preservativo. Aquele é Durex.
Mário Prata, Shifaizfavoire
8 de jun. de 2009
Álcool II
6 de jun. de 2009
Álcool
Acho que esse negócio da humanidade deixar o petróleo de lado e passar a ser movida a álcool ainda não decolou de verdade porque a humanidade, quando movida a álcool, cambaleia muito.
5 de jun. de 2009
Se um viajante numa noite de inverno
O título mais bonito já publicado! Se um viajante numa noite de inverno - sem pontuação, sem nada; Se um viajante numa noite de inverno, em itálico, já parece esconder subentendidos; Se um viajante numa noite de inverno... as reticências dão um ar de conto, de começo de história. Lindo. Quando comecei a ler o Ítalo Calvino, esse título apareceu na bibliografia dele e eu fiquei parado, olhando, admirado, degustando a sonoridade. Fiquei um tempão sem ler e sem querer ler o livro: tinha medo de não gostar do livro e estragar o título. Li e não é lá essas coisas, interessante, mas longe do melhor do Calvino. Mas o título é magnífico.
4 de jun. de 2009
Tudublú
(...)
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.
Tabacaria - Álvaro de Campos/Fernando Pessoa
Veja íntegra aqui
1 de jun. de 2009
Calvin
Estava com saudades dele. Dá pra morrer de rir da mãe... nem quando o demonim obedece funciona...
Definições
Me disseram hoje que bêbado é um ser humano em estado líquido. Não é: bêbado é um ser humano em estado chato mesmo. Ser humano em estado líquido é baiano. Pode olhar: vive derramado.