16 de mar. de 2009

Análise

Fim de semana maravilhoso - sensações deliciosas, identificações, gostosuras. Bandeira faz num poema uns pulos de alegria dizendo "Eu vi os céus! Eu vi os céus!". Adoro essa sensação de pertencimento, de descoberta de novos continentes poéticos. Como no Pessoa:

Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo

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