Os dois amigos iam de novo para o Araguaia: esses dois salinenses eu conheci bastante... homens sérios, direitos, super trabalhadores, colhiam os frutos de uma vida inteira de esforço; ainda não estavam nem na meia idade e já ricos, ou quase, ou ficando. E uma vez por ano, tradição, arrumavam armas&bagagens e voavam para o Araguaia. Descanso merecido, única pausa do trabalho que se permitiam, o defeito é que as esposas ficavam furibundas por conta disso - o único período do ano em que eles não estavam se matando de trabalhar e não passavam com elas.
Mas naquele ano, 2003 ou 2004, se não me engano, elas deram o grito: ou iam junto, ou nada de Araguaia! E ponto final! E os maridos tiveram que concordar, não deixava de ser justo. E foram todos, enfim. Pescaria ótima, sol o tempo todo, todos muito alegres, as mulheres cozinhavam, todos farreando, melhor período juntos em anos. E ao fim da segunda semana, levantaram acampamento, e, outra tradição, dirigiram até o bar da região, amigos do dono, mostrar os peixes, levar as cachaças encomendadas, contar caso, adoravam. No bar, chegou o dono, numa alegria só:
- Meus compadres! Parece que já se passaram dez anos e foi um só, que saudade! Cachaça de Salinas? Tem que ser uma terra especial de boa pra fazer uma cachaça dessas! Mais um ano! Ôoô, pescaria boa, cada peixão! Dêem cá um abraço, já mandei preparar uma farofa, um tiragosto... pescaria boa mesmo, olha aquele dourado...
E arrematou, apontando para as esposas:
- Só as raparigas esse ano é que pioraram demais! Vixe, que trubufús!
Os papéis dos divórcios saíram rápido. Uma das mulheres concordou em voltar para o marido tempos depois, mas nenhum dos dois come peixe mais. Aliás, não comem nem falam em peixe na casa deles.
Entrelinhas, entremontes
Há um ano
Um comentário:
Essa é "de verdade"!!!!!
Háháha!
Mãe
Postar um comentário