24 de set. de 2008

Biocombustível

Duas "visões estrangeiras" com que me deparei nos últimos dias: consegui um documentário ótimo da BBC sobre música brasileira (mais aqui), estou colocando no Youtube sem legendas mesmo, depois vejo se vou ter paciência de traduzir. Essas traduções estão me tomando muito tempo... e eu quero tempo pra poder continuar com o italiano, não melhorar o inglês, por enquanto os amigos vão ter que se contentar com o sotaque salinense falando "uát táim îs îh ti?".
No documentário, a trajetória da música brasileira junto com os acontecimentos da época, a ditadura, a guerrilha, 68, era de Aquarius... mas a visão é um tanto diferente da que a gente tem, um certo estranhamento com as opiniões e visões, já que a comparação que fazem e o referencial que têm é a música inglesa, que nesse mesmo período estava com sua própria revolução, Beatles, Stones, Pink Floyd, etc.
A segunda "visão estrangeira": conheci duas canadenses através do Soulseek, elas procurando música brasileira e eu procurando jazz... início de uma boa amizade virtual, através delas conheci a Anna Karina, a Jane Birkin. Algumas bandas de drum'n'bass, também, mas eu descontei mandando Luiz Gonzaga, Tom Zé e Elomar e Hermeto, a sétima cavalaria dissonante. Taí, olha que nome legal pra uma banda: Hermético e a sétima cavalaria dissonante! Bom, fim de semana elas estavam alvoroçadas de tudo, já me receberam com um "Vocês estão produzindo biocombustível com SAAAANGUEEEE!!!!!!!". Não entendi nada, aí me mandaram para os sites da Bloomberg, Newsweek e outros - reportagens e reportagens sobre a exploração desumana dos bóias-frias, trabalho escravo nas lavouras de cana, etc. O tal orgulho nacional me fez escrever que ainda saía mais barato que o Iraque em vidas, mas não colou nem pra mim. Fica então o registro: o biocombustível pode ser moderno, mas nós, como sociedade, ainda estamos na infância da arte. E fechar os olhos não resolve.



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