17 de nov. de 2008

Antônio Maria

      Ontem, por acaso, me lembrei de uma frase do Antônio Maria - hoje um personagem semi-esquecido, foi jornalista, escritor, compositor, desenhista, radialista, homem de televisão... mas, como vários outros, interessa mais como viveu do que o que fez: o que gosto dele mesmo são os casos, com Vinícius, Aracy de Almeida, Chatô, vários outros. Não tenho nada dele a não ser na memória; fui procurar na rede de onde vinha a tal frase, achei que fosse de algum livro e no final era de uma música... acabei encontrando no Projeto Releituras uma biografia e uns textos dele, vai aqui um trecho curto sobre ele e abaixo o link para o Projeto Releituras.
      Aracy de Almeida foi uma de suas grandes amigas. Sabia tudo sobre Antônio Maria e, mesmo assim, como dizia brincando, continuava a gostar dele. Era desprovido de qualquer cerimônia: uma vez pediu a ela ajuda para colocar um supositório ("Já tentei todas as posições e não consegui nada."). Em outra oportunidade, ele e Vinícius de Morais, também seu grande amigo, tentavam cumprir um compromisso assumido: fazer um jingle para o lançamento de um regulador feminino. Estavam com inúmeros outros trabalhos e foram pedir ajuda a Aracy. Ela, sem pensar muito, tomando emprestada a melodia de O orvalho vem caindo, de Noel, atacou de pronto: "— O ovário vem caindo...". Carlos Heitor Cony dizia que se o autor fosse mandado para cobrir a posse do papa, voltaria cardeal.
      Cony conta: "Um dia, Maria me telefona: — Carlos Heitor, Carlos Heitor, você nunca me enganou." Disse então que, vindo de São Paulo, viu no avião uma mulher linda lendo o livro Matéria de Memórias, de Cony. Aproximou-se, se apresentou como o autor do livro, e a mulher, uma típica apaixonada, acreditou. Pintou para ela um quadro bastante dramático: era um desgraçado, que nunca tinha tido sucesso com as mulheres, que as mulheres o abandonavam. "— Mas, Maria..." era tudo o que o espantado Cony conseguia dizer. "— Fica tranqüilo, Cony, fica tranqüilo porque em seguida nós fomos pra cama. Ou melhor, você foi pra cama." E Cony, curioso: "— E ai?" "— E aí foi que aconteceu o problema" — gargalhava Maria. "— E ai você broxou, Cony, você broxou!"

Biografia: Projeto Releituras - Antônio Maria

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