20 de ago. de 2008

Gregos e Baianos

Acho que foi em Lavras, idos de 88, que ouvi sobre "desagradar a gregos e baianos" - na época, meu professor de matemática sutilmente me advertindo sobre tempestades futuras em caso de reincidência comportamental (eu tinha o apelido de "baiano", por conta do sotaque de Salinas). Estou em um momento de tensão muito grande, mudanças, enfrentamentos, aqueles remédios faixa preta quarto dan, etc. E aí fico tentado e tentando fazer mil coisas, agradar a gregos e baianos. São os ossos do ofídio - ou os ossos do Ovídio? O sentido de urgência do tempo ficando maior a cada dia, e eis que vem uma frase do Groucho à cabeça: "O tempo voa como o vento. A banana voa como uma fruta." Ótimo pra colocar as coisas em perspectiva - o Tolicionário, dicionário das idéias feitas, já estava me catalogando. Bão, entre as milhares de coisas estão dois "feitos": terminar de traduzir e legendar o Lord of the Flies, do Peter Brook, e começar a traduzir o Les Amants, do Louis Malle. Nenhum dos dois saiu no Brasil (digo, em VHS ou DVD, passou no cinema há 50 anos), que eu saiba - se alguém souber, pelamordedeus me avisa que dá um trabalho desgraçado fazer isso. Agradeço qualquer ajuda, principalmente com o francês, que é raquítico e rastaqüera. Enquanto isso, vou misturando a oração de Jorge com a invocação indígena:

Jorge sentou praça na cavalaria
Eu estou feliz porque eu também
Sou da sua companhia
Eu estou vestido com as roupas
E as armas de Jorge

Para que meus inimigos tenham mãos
De riso dócil e rima fácil
E não me toquem
Não vá se enganar, eh, meu bem
Para que meus inimigos tenham pés
Que eu tenho dois olhos,
E não me alcancem
Eu tenho dois pés
Para que meus inimigos tenham olhos
Dor dos meus olhos vá pros meus pés
E não me vejam
E dos meus pés, pra dentro da terra
E nem mesmo pensamento eles possam ter
Da terra para a morte
Para me fazerem mal

Armas de fogo, meu corpo não alcançarão
Kukukaya, eu quero você pra mim
Facas e espadas se quebrem
Kukukaya, mas olha essse cachorro aqui
Sem o meu corpo tocar
Kukukaya, eu quero você aqui
Cordas e correntes arrebentem
Kukukaya, mas preste a atenção em mim
Sem o meu corpo amarrar

Pois eu estou vestido com as roupas
Mas o ovo é redondo, ventre redondo é
E as armas de Jorge
Vem amor, vem com saúde
Jorge é de Capadócia

Salve Jorge, salve Jorge

Aonde eu sou chama, seja você brasa
E aonde eu sou chuva, seja você água...

Essa Kukukaya (Xangai) parece saída do Malleus Malleficarum, o Martelo das Feiticeiras... e (in)correções: Jorge da Capadócia foi bispo de Alexandria, submisso ao imperador, perseguiu o Atanásio (esse é santo da igreja ortodoxa), e ficou rico vendendo toicinho para o exército romano. Quem usava armadura era Jorge da Inglaterra, que nem santo é mais. Acho que é isso, mas estou falando de orelhada, sem consultar nada, Caetano que me perdoe.

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