Ia começar essa "coluna", semanalmente, pra colocar aqui o que ando lendo, ouvindo, vendo - como sugestão e para receber sugestões, também: às vezes me sinto meio arcaico, relendo muito, escutando muito coisas & pessoas já consagradas, eruditos, clássicos e tal, e não ando descobrindo nada novo. Ando (aí, tá vendo?) relendo o Marshall Berman, Tudo que é sólido desmancha no ar, um livro fantástico e dos mais lúcidos que já vi sobre modernidade - deixa no chinelo esses pós tudos que vemos por aí. Aliás, cita muito outro autor fantástico como analista da modernidade, o Edmund Wilson, que eu também adoro. Bom, pra não ficar só ouvindo o same old, same old, a partir de um cd que já tinha - Café de Flore - Rendez-vouz a Saint-Germain des Prés, peguei uma coletânea parisiense de modern jazz, chamada Saint-Germain des Prés Café, que pode ser baixada via torrent aqui. Mas... lendo a Folha de hoje, apareceu essa tirinha do Lula - e ontem teve um Contraponto da Folha com o guia-genial-dos-povos mostrando que sabe, sim, das coisas... e não se importa. Não aguentei. Vão dois trechos, o Fernando Barros de hoje e o Contraponto de ontem:
FERNANDO DE BARROS E SILVA - Ópera do malandro
Pelo andar da carruagem, com direito a foto ao lado da rainha e elogios a céu aberto de Barack Obama, Luiz Inácio Lula da Silva ainda acaba recebendo o Prêmio Nobel. Não o da Paz, mas o de Literatura, pelo conjunto da obra, na ausência de um de Artes Cênicas, que lhe conviria melhor.Não há por que discordar do político mais popular do mundo -Lula é mesmo o cara. Primeiro propagou a ficção da "marolinha" e dela desembarcou sem explicações. Depois responsabilizou os "brancos de olhos azuis" pela crise. Assoprou e mordeu, falou duro ou macio, disse "A" e seu contrário, sempre conforme as conveniências.
Pelo andar da carruagem, com direito a foto ao lado da rainha e elogios a céu aberto de Barack Obama, Luiz Inácio Lula da Silva ainda acaba recebendo o Prêmio Nobel. Não o da Paz, mas o de Literatura, pelo conjunto da obra, na ausência de um de Artes Cênicas, que lhe conviria melhor.Não há por que discordar do político mais popular do mundo -Lula é mesmo o cara. Primeiro propagou a ficção da "marolinha" e dela desembarcou sem explicações. Depois responsabilizou os "brancos de olhos azuis" pela crise. Assoprou e mordeu, falou duro ou macio, disse "A" e seu contrário, sempre conforme as conveniências.
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Quando não se sabe bem o que fazer, mas qualquer mudança radical parece fora do horizonte, a falta de convicções pode ser uma virtude. No caso de Lula, é também um expediente de sobrevivência.Ao dizer que ele é "boa pinta", Obama está a um passo de fazer, na figura de Lula, o elogio do jeitinho brasileiro -da nossa eterna vocação para acomodar conflitos, da arte nacional e malandra de ziguezaguear entre o sim, o não e o talvez.
Inserido de <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0604200903.htm>Contraponto
Primeira base
Meses atrás, quando se discutia mais frequentemente a possibilidade de alterar a Constituição para permitir a Lula disputar um terceiro mandato consecutivo, o deputado federal Marco Maia, petista do Rio Grande Sul, aproveitou encontro de um grupo de parlamentares governistas com o presidente para perguntar, na lata:
-Afinal, o senhor está mesmo disposto?
Com ar brincalhão, Lula deu corda ao aliado:
-Isso você precisa perguntar para a minha base...
-Que base? Os sindicatos?
-Não, a avenida Paulista- concluiu Lula, rindo.
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