Na sexta, dia 14, passou na STV um documentário sobre o Pasquim, ótimo – eu adorava o Pasquim, e olha que conheci já na fase de decadência. Eu tinha acabado de sair de casa, estudando fora, em Lavras, e consegui assinar o Pasquim, o que pra mim era uma glória. Me senti revolucionário, esquerdista, pronto pra ingressar num exército vermelho por aí. Eu achava na época que “alternativo” era uma palavra que quando aplicada à gente já vinha com medalha e diploma. Pois a o Pasquim representava toda uma idéia de esquerda, os intelectuais que enfrentavam atrás de máquinas de escrever a grande ditadura dos generais, com seus tanques e armas... completamente idealizado, claro, mas as pessoas que eu mais admirava falavam com admiração daqueles sujeitos, da história do jornal, etc. Como foram inventando novos formatos, abordando novos assuntos, descobrindo gente nova, talentos novos (Elomar, meu grande Elomar foi um deles). E tudo isso com humor – e no buteco, que eles bebiam que não era brincadeira. Sérgio Cabral (o pai, não a besta): "Um jornal feito por amigos e sem patrão. Todos pensavam diferente, mas éramos de oposição, e isso unia todo mundo. Outra coisa que nos unia era a cultura. Eu era do samba, execrado pela maioria. E, tirando a mim, tinha o talento das pessoas. E a liberdade total. Só havia censura externa". Pois é, acabou – e eu vi o fim: passou de semanal para quinzenal (com os caras de pau anunciando para os assinantes que a gente tinha “ganhado” o dobro do tempo de assinatura...), e por fim foi se espaçando até finalizar; eu já não era assinante, estava em BH, dava pra comprar na banca. Um dos Pasquim que eu me lembro muito foi da morte do Leminski: cheguei de Salinas, indo pra Lavras, e aquela charge do Polaco Louco no buteco, com um castelo de cálices na frente, ele dando um peteleco no último e mandando tudo pras cucuias. Putz, fui arrasado pra Lavras, recitando tudo quanto era poesia dele que eu lembrava – “cinco bares, dez conhaques/ atravesso São Paulo/ dormindo dentro de um táxi”, “pariso, novaiorquiso, moscoviso/ sem sair do bar/ só não levanto e vou embora / porque tem países que eu nem chego a madagascar”. A PUC tinha uma coleção, empoeirada e se desmanchando, li e reli muito. Mas chega, enchi. Ficam aqui duas cositas: uma, a tirinha original (achei! Achei!) do choppnics (Jaguar), com a frase mais que famosa; e outra, um pedaço do documentário, com Jaguar contando a criação e a morte do Sig, hilário.
O vídeo:
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