Deparei-me hoje com esse epigrama entre meus escritos: "Lasciva est nobis pagina, vita proba". Marcial, dizendo: meus escritos são lascivos, minha vida é honrada, ou: lasciva somente a obra. Comecei a rir lembrando de outro "pensador", o Zé Simão: provavelmente ele escreveu isso quando a única zona erógena que lhe restava era a memória. Taylor: o problema das pessoas sem vícios é que normalmente elas tem umas virtudes bem irritantes... Se não cheguei ao ponto do Zé Simão, já estou começando a ficar como o Marcial - espero não chegar a ter virtudes irritantes. Ou acabo como o Augusto Matraga, do Sagarana: vou pro céu nem que seja a porrete.
PS: Acabo de receber um email com umas fotos e um "É do seu tempo?" - fitas Basf, aquaplay, ciclete Ping Pong... sim, é. Mas nem me lembrava. E eu ainda sou do tempo onde se lia Marcial, Gibbon, os russos, e Balzac era literatura de entretenimento... ou eu nunca fui desse tempo? Digo, existe esse tempo ou é uma espécie de escolha? A educação francesa, britânica (a européia em geral) e americana de elite ainda ensinam essas coisas... mas cada vez menos. Aqui já tivemos algumas escolas onde havia um estudo sério ma non troppo: vejam a biografia do Chatô, ou do Golbery, do Prestes, do João Cabral, do Bandeira, etc. Alguma "ilustração" normalmente francófona, antiguidades utilitárias e no máximo algum positivismo. Bom, divagando demais, de novo. Já que comecei a falar de coisas antigas que ninguém mais lê ou sabe, que tal Puchkin?
Dos anos loucos
A alegria extinta
ressaca vaga
faz que eu mal me sinta
Entrelinhas, entremontes
Há um ano
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