27 de jan. de 2008
26 de jan. de 2008
Lula é minha anta
Quando o Lula fala em "crise do outro lado do Atlântico", ele está se referindo aos Estados Unidos? O que ele chama de "outro lado" é o quê? O lado de cima??
23 de jan. de 2008
Mais Jeanne
Não é fixação - ou antes, é sim. Jeanne forma com Lauren Bacall, Isabelle Adjani, da mais diáfana e sem sal Liv Tyler, e, é claro, Juliette Binoche, parte da minha lista de grandes musas da tela de todos os tempos. Fora das telas, a magia não foi menor, com grandes mulheres que conheci, belas, fortes - complicadas, é verdade. Mas eu também personifico o caótico. Bão, mais um texto, esse do Estadão:
Estado de São Paulo - Quarta-feira, 23 janeiro de 2008
Jeanne, 80 anos e 60 de carreira
Hoje é um dia muito especial para La Moreau, mito francês que Orson Welles considerava a maior atriz do mundo
Luiz Carlos Merten
Seus grandes olhos tristes e a boca amarga seduziram diretores como Orson Welles, que dizia que ela era a maior atriz do mundo. François Truffaut acrescentava que Jeanne Moreau, pois é dela que estamos falando, possuía essa capacidade rara de passar da alegria à tristeza e da depressão à cólera em segundos, o que fazia do seu rosto o território por excelência da emoção. Mas Jeanne não é o tipo da atriz cujas interpretações valem um Oscar. Ela interioriza a dor e o sofrimento. Não grita, não faz caras e bocas. Jeanne Moreau está acima do prêmio da Academia de Hollywood.
Mais de uma centena de filmes, dezenas de peças. Jeanne Moreau é uma mulher inteligente e uma personagem rara, que teve o privilégio de trabalhar com alguns dos maiores diretores do mundo. Ela diz que não é nostálgica nem vive no passado, mas carrega consigo artistas como os citados Welles e Truffaut e também Luís Buñuel, Michelangelo Antonioni, Joseph Losey, Jacques Démy, Louis Malle, Rainer Werner Fassbinder. No Festival de Berlim, há três anos, entrevistada pelo repórter do Estado - pelo filme Le Temps Qui Reste, de François Ozon -, relatou suas lembranças particulares de cada um. Um certo vinho, ou champanhe, ostras, trufas. São detalhes mais importantes do que a própria colaboração artística.
Jeanne Moreau completa hoje 80 anos. Como iniciou sua carreira de atriz em 1948, comemora também 60 anos de representação. Filha de um barman francês e de uma bailarina inglesa, teve formação de atriz clássica no conservatório, com passagens pela Comédie Française e pelo Théâtre National Populaire, o TNP, de Jean Vilar. Em 1954, com direção de Jéan Dréville, foi a primeira rainha Margot da tela. No começo de sua carreira, com raras exceções - Ne Touchez pas au Grisbi, de Jean Becker -, Jeanne era uma atriz de teatro que incursionava pelo cinema fazendo filmes com diretores sem muito prestígio de crítica, como Denys De La Patellière e Gilles Grangier.
Em 1958, ela fez Ascensor para o Cadafalso, de Louis Malle, e o filme é considerado um dos marcos da revolução da nouvelle vague, o movimento de renovação do cinema francês que, como uma onda, terminou por atingir as praias cinematográficas de todo o mundo. No mesmo ano, Jeanne e Malle filmaram Os Amantes e a famosa cena de sexo oral - o rosto dela em êxtase, enquanto o amante vai descendo por seu corpo até desaparecer da imagem - provocou escândalo na época. O resto é história, uma grande carreira que inclui até um filme no Brasil, com Cacá Diegues.
Não foi só um capricho do diretor importar a maior atriz do mundo para fazer o papel da prostituta que um coronel nordestino tira do bordel para fazer dela a senhora do seu engenho. Numa cena famosa, Jeanne é carregada nas costas por Eliezer Gomes, que fez Tião Medonho em Assalto ao Trem Pagador, de Roberto Farias. Não será isso, por acaso, uma (re)leitura da opressão do colonizado pelo colonizador? Outra interrogação - as melhores atuações de Jeanne? Faça sua lista. Terna e cruel em Jules e Jim (de Truffaut), cruel em Eva (de Losey), xaroposa em Moderato Cantabile (de Peter Brook). Jeanne é múltipla e única. Ela cantou o tema de Chico Buarque em Joana Francesa e Tourbillon em Jules e Jim. Cantar não foi só uma exigência dramática desses filmes. Jeanne também é cantora e gravou cinco álbuns elogiados pela crítica.
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80 anos de Jeanne Moreau
Texto do Ruy na Folha de hoje – 80 anos de Jeanne Moreau. Uma das domnas iddeales, na presença de Provença. Coloquei um vídeo com ela no Youtube, com a música do Chico (feita pra ela): a Joana Francesa sempre foi a Jeanne. E nada mais parecido com a poesia do maister João que fala de “riso franco de varandas” do que a cena dela rindo naquele filme.
O vídeo (de novo, já tinha mais embaixo):
Texto do Ruy:
Folha de São Paulo, quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Moreau aos 80
RIO DE JANEIRO - Um dia, o cineasta Louis Malle a pôs para andar por Paris, à noite, iluminada apenas pelos néons e vitrines das lojas pelas quais passava. Ela não precisava falar nada, nem carregar nas expressões, nem olhar para a câmera. A platéia se encarregou de atribuir significados ao seu rosto. A atriz era Jeanne Moreau, e o filme, de 1957, "Ascensor para o Cadafalso".
Dali Jeanne continuou sendo posta para andar e despertar significados: em "Os Amantes", também de Malle (1958), "Moderato Cantabile", de Peter Brook (1960), "A Noite", de Antonioni (1960), "Eva", de Joseph Losey (1962), "Diário de uma Camareira", de Buñuel (1964), "A Noiva Estava de Preto", de Truffaut (1967). A cidade era quase sempre Paris, mas podia ser também Milão, Roma, Veneza, o litoral ou o interior da França.
Jeanne já tinha 29 anos e 20 filmes pelas costas quando Malle a descobriu. Os outros diretores a maquiavam demais, para disfarçar os círculos em volta de seus olhos e o rosto marcado, de quem acabara de fazer amor. Malle percebeu que a beleza de Jeanne estava exatamente aí e fotografou-a de rosto quase lavado em "Ascensor para o Cadafalso". Nascia uma estrela, que iria aposentar as três grandes damas do cinema francês: Michelle Morgan, Danielle Darrieux e Micheline Presle.
Para o público, seu personagem era ela mesma: a mulher inteligente, madura e independente. Mas os diretores sabiam que aquela era apenas uma de suas facetas como atriz e que Jeanne era capaz de fazer qualquer papel. E os íntimos garantem que, na vida real, ela sabia também miar, se necessário.
Jeanne Moreau completa hoje 80 anos, lúcida, firme e na ativa. Como Humphrey Bogart para as mulheres, ela ensinou aos homens que a beleza feminina mais duradoura podia estar nas imperfeições.
Inserido de <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2301200805.htm>
12 de jan. de 2008
Virtudes teologais
Chegando à conclusão de que os muçulmanos merecem um voto de crédito pela definição de céu com 70 virgens, desde que eles corrijam o conceito de inferno para o de que o inferno é exatamente a mesma coisa do céu, só que as sogras (todas) também estarão lá.
Josias de Souza
O melhor anúncio de “estou de férias” que já vi; Josias da Folha. Ecoando o fato de que eu também estou de férias. Não sei jogar na megasena e os sinais divinos pra mim evoluíram do dedão de Pascal para as curvas da Luana Piovani, mas como prova de bom gosto, não de existência.
“Das memórias do homem que foi até aqui restará pouco. Politicamente, continuará situando-se à direta de Lula ou à esquerda de Lula, dependendo da época. Mas preferirá ser essa metamorfose ambulante.
Os gostos serão mutantes. Oscilarão entre os ‘Bs’ e os ‘Cs’ essenciais. Para ouvir: Beethoven e Cole Porter. Para beber: beaujolais e café. Para espairecer: bordejar e cadeira de balanço. Para reler: Bandeira e Cervantes.
Se sobrar tempo, evoluirá para os ‘Ms’ básicos: Miles Davis, Marguerita e Machado (o de Assis, bem entendido). Caberia uma ida ao Masp. Mas, do jeito que a coisa anda, melhor visitar a mãe-de-santo.
Embora seja agnóstico, o repórter prestará redobrada atenção à coleta da megasena. Se acumular, jogará. E oferecerá a Deus uma chance de provar que existe. Se Ele não der o ar da graça, o blog voltará a ter, a partir de 15 de janeiro, aquela velha opinião formada sobre tudo.
Estará provado que, fora da política, a metamorfose tem um limite. O limite das dívidas que vencem no final do mês. Não restará senão retomar o senso prático e voltar a encharcar a camisa para reencher a geladeira. Portanto, fique atento. Se o repórter não retornar em poucos dias, é porque recebeu um sinal divino.”