"Você, como bom mineiro..." - eu?! Recebi esse email de um amigo, seguido de uma longa explicação, e fiquei rindo. Acho que foi o Veríssimo que disse ser o mineiro tão desconfiado quanto introspectivo. Uma vez, segundo ele, esqueceu o nome de um conhecido daqui de Minas, e tentou aplicar o golpe do "qual o seu nome completo?", que normalmente faz a pessoa dizer inclusive o primeiro nome, que é o único que a gente quer realmente saber. Pois o mineiro, desconfiadíssimo, respondeu: Fala a parte que você sabe... Bom, esse meu amigo, intuindo que como bom mineiro eu ia ficar desconfiado do que ele ia dizer, já foi logo se explicando! Com a cultura urbana cada vez mais entranhada, vamos perdendo grande parte das idiossincrasias e particularidades do mineiro típico, o mineiro de anedota. Aliás, não tanto só de anedota: em 1961, quando o Jânio renunciou, perguntaram ao Otto Lara Resende, então porta voz do governador Magalhães Pinto, onde Minas estava naquela crise - ao que ele responde: "Minas está onde sempre esteve"... mais mineiro impossível. A fama às vezes era levada a sério: em uma reunião do Conselho de Segurança Nacional em 1969, estava sendo decidida a cassação de vários políticos, e um coronel ia lendo o prontuário de cada um, seguindo-se uma discussão e votação sobre se tal ou qual pessoa seria ou não cassada, etc. Até que chegou a vez de um deputado federal - quando já iam terminando a leitura dos seus dados pessoais:
— Mineiro, advogado...
— Basta — cortou Orlando Geisel.
Cassaram o sujeito. Por via das dúvidas, por via das dúvidas...
Entrelinhas, entremontes
Há um ano
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