41, - Not Out! - Coletânea (de posts & anos)
Chegando agora aos 41, queria escrever algo, como estava fazendo nos últimos aniversários, continuando com os post de aniversários que começaram com "36 - Not Out!", algo como: com 36, não fora do jogo!, mas não tive tempo. Mas gostei tanto de escrever os anteriores que resolvi fazer uma coletânea, pois esse caminho de que eles falam continua o mesmo, e só não igual porque melhor. Aí vai:
(Sobre meu aniversário, hoje, 26 de agosto, acompanhado de Michael, João Lua, Max, Iara & outros mais...)
Parodiando o Millôr:
...........................Velhinho bacano
.................Ainda banca
.............................O ser humano
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Pois, pois, mais um ano: o tempo, esse senhor da razão, tem se esquecido de mim - se o dito comum é que a idade traz sabedoria, eu perdi todos os seminários - e estou cada vez mais desconfiado de que há uma imensa conspiração de velhinhos fazendo um silêncio suspeitíssimo. Dez contra um como é tudo jogo de cena e essa tal de maturidade é invenção. De qualquer modo, não parecia uma coisa divertida; esse negócio de servir de exemplo pra criancinhas deve ser um saco.
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Como Borges, quero conhecer todas as maneiras que os homens inventaram de ser homem. No verso de Terêncio: homo sum: humani nihil a me alienum puto. Sou homem: nada do que é humano me é estranho; nem alegrias nem tristezas, nem decepções nem surpresas, e gosto de pensar que ainda estou no início, dezenas e dezenas de anos ainda pela frente, a vela içada, o barco pronto, cada coisa em seu lugar. Metamorfoses: são os ossos do ofídio. Rocinante está mais gordo e já sorri para os moinhos de vento...
A humanidade, essa imensa e caótica coleção de pecados e alegrias, sofrimentos, desilusões e descobertas, parece cada dia mais interessante. Borges dizia que "é um desvario laborioso e empobrecedor o de compor extensos livros, e espraiar em quinhentas páginas uma idéia cuja perfeita exposição oral cabe em poucos minutos. Melhor procedimento é simular que esses livros já existem e oferecer um resumo, um comentário." Posso imaginar um Quixote lúcido, lucidíssimo, que ao avistar moinhos ainda assim os ataca - sua filosofia é encarnar os ideais da cavalaria, a nobreza e a bondade da alma humana - esse homem cuja vitória seria a vitória do homem procurado por Diógenes, o homem bom que a humanidade pode um dia ser, quem sabe. Sancho descobriria, como testamento desse homem incrível, uma única frase escondida em um pergaminho do seu capacete: "se não conseguir vencê-los, ao menos faça-os rir".
A humanidade, essa imensa e caótica coleção de pecados e alegrias, sofrimentos, desilusões e descobertas, parece cada dia mais interessante. Borges dizia que "é um desvario laborioso e empobrecedor o de compor extensos livros, e espraiar em quinhentas páginas uma idéia cuja perfeita exposição oral cabe em poucos minutos. Melhor procedimento é simular que esses livros já existem e oferecer um resumo, um comentário." Posso imaginar um Quixote lúcido, lucidíssimo, que ao avistar moinhos ainda assim os ataca - sua filosofia é encarnar os ideais da cavalaria, a nobreza e a bondade da alma humana - esse homem cuja vitória seria a vitória do homem procurado por Diógenes, o homem bom que a humanidade pode um dia ser, quem sabe. Sancho descobriria, como testamento desse homem incrível, uma única frase escondida em um pergaminho do seu capacete: "se não conseguir vencê-los, ao menos faça-os rir".
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Mas tô longe da autocomplacência ou do medo da idade. Ainda exibo todos os sintomas da infância, inclusive um constante maravilhamento com o mundo, o encantamento com as pessoas & coisas e a completa ignorância do funcionamento de uma escada rolante. Algumas coisas passaram com o tempo, como o marxismo, o rock’n’roll, as pernas da Catherine Deneuve e o medo de alma – esse substituído por um salutar medo do que vai na alma das pessoas. Mas ainda tenho a capacidade de indignar-me com o mundo, de sofrer, de rir, de morrer de raiva das injustiças e de acreditar em amor à primeira vista ou mordida.
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Então, ano novo pra mim, de armas e bagagens em cima de Rocinante, para as delícias, desafios, travessuras, dores e amores que por aí apontam. Fazer como Sócrates, que, ao ser condenado à morte, faltando cinco minutos para o fim, estava aprendendo a tocar uma ária na flauta: perguntado por um guarda o porquê de aprender aquela ária já que ia morrer em poucos minutos, ele retruca, espantado: “ora, pra saber essa ária antes de morrer!”
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A todos, que no próximo ano a vida lhes seja leve, e bela. E obrigado por fazê-la assim para mim nesse ano que passou. E mais que todos, sempre, Mari.
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