Saudades desse blog! Estou tendo uma média de 10 horas/aula por dia e estou terminando uma monografia sobre Economia Solidária, o tempo é um luxo, atualmente. E também não sobra espaço na cabeça - tenho a nítida sensação de que se eu der um pulo vão cair letrinhas no chão, vazando pela orelha. Estou no limite da "eslaticidade" do cérebro, estudando Logística e equações de quarto grau, derivadas segundas e matrizes hessianas num dia, operações, MRP e pqp em outro, misturado com matérias que vão de teoria das organizações a Bourdieu, passando por Harry Collins, Guerreiro Ramos e Foucault... esses dias botei um cd com uma palestra sobre Borges e dirigi feliz, quarenta minutos de coisas que realmente interessam. Mas que vão ter que ficar para o ano que vem, mesmo.
A outra parte do título do post é sobre o atual momento político. Não voto há mais de 20 anos, acreditando que partidos são uma experiência falida no país e que os políticos que temos são o que o Millôr falava décadas atrás: no Brasil, homem público é o masculino de mulher pública (usando aí, claro, os preconceitos de cada época). Bom, isso só funcionaria perfeitamente se eu me engajasse realmente em fazer o que acredito, que seria o fortalecimento da sociedade civil de modo que, com o tempo, tivéssemos poder de pressão o suficiente para reconstruir a experiência política de fora para dentro. Confesso que não faço: apóio, escrevo, espalho, mas é o máximo que tenho feito até hoje.
Um meu alter ego brincou esses dias que a dicotomia atual já estava implícita em Marx - "a cada um de acordo com sua capacidade" envolveria a meritocracia pura de um Hayek, defendida pelos luminares do PSDB (pegando o melhor da cada proposta, por incrível que pareça), e o "a cada um de acordo com sua necessidade" envolveria a renda mínima e o welfare state com participação popular do PT. Entretanto, Hayek e Giddens sempre dão lugar ao capitalismo mais selvagem, enquanto o modelo petista tende muito mais para o centralismo estatal e stalinista, com os guias geniais dos povos substituindo a velha oligarquia por uma nova, tão atrasada quanto. Perguntaram-me várias vezes, nos últimos dias, se os programas sociais implantados e as melhorias no nível de renda e outros debates trazidos à tona e ao centro pelo atual governo não justificariam a banda podre. Fiquei em dúvida, realmente. Mas como diziam o "santo cívico" do Henfil, o Teotônio, e o JK, não tenho compromisso com o erro. Se de um lado temos os DEMos, do outro temos o PMDB e os comissários como Dirceu, uma espécie de PC Farias com ares e flama de novo Rasputin.
Marina foi uma tênue esperança, mas é um erro nos apoiarmos nesses santos cívicos se não houver movimento popular por trás. Ainda mais um "santo" que tem posições meio Torquemada... Tomara que ela fique neutra e transforme o PV em um movimento e partido realmente ideológico, para se apresentar como terceira via de fato. Mesmo que não seja como protagonista, mas uma aliança entre o PT e um PV ideológico e fortalecido seria muuuuito mais palatável do que ver Sarney, Collor e Renan se refestelando junto com os vendilhões do templo que transformaram o que foi uma bonita utopia, como o PT, num valhacouto de malfeitorias - uma minoria que mancha todo o partido, muito menos por sua existência que por sua impunidade.
Ficarei em casa de novo, que me desculpem todos os pregadores de verdades universais e absolutas. Madadayo. Ainda não.
Entrelinhas, entremontes
Há um ano
Nenhum comentário:
Postar um comentário