Auguste de Saint-Hilaire e alguns outros eminentes botânicos, naturalistas e viajantes fazem menção a um episódio* ocorrido com meus ancestrais que justificou a fama de selvagens dos habitantes do norte de Minas, como lugar sem respeito às leis e aos costumes. Saint-Hilaire já havia advertido outros viajantes contra os habitantes de Arraial das Formigas, atual Montes Claros, dados a roubos e outras vilanias. Antes de escrever seu Voyage dans les provinces de Rio de Janeiro et de Minas Geraes, parece ter começado a escrever uma Voyage dans arrière-pays des Taphuyas, mas foi desencorajado por esse episódio. Martius cita de passagem o acontecimento, dando um certo quê poético aos cavaleiros reunidos à luz da lua (é certo entretanto que o episódio ocorreu durante o dia). Debret aproveitou essa descrição e imortalizou o episódio, pintando cavaleiros de um clã reunidos em uma meia lua, fazendo justiça com as próprias mãos, como pode ser visto no Rijksmuseum em Amsterdã. De todo modo, esse episódio e outros dele decorrentes espalharam uma imerecida fama da minha terra como sertão brutal e sanguinário e abriu caminho para o isolamento da região pelo século seguinte (o episódio ocorreu nos idos de 1817), tendo sido meu tataravô Ramiro um dos primeiros da minha família a se aventurar fora dali – quis, num gesto romântico de liberal republicano, cumprimentar pessoalmente o Marechal Deodoro na capital da república.
Entrelinhas, entremontes
Há um ano
Um comentário:
Nossa, que história! Essa você não me contou, ou seria isso um conto mesmo? rs
Interessante, e agora tem habitante dessa terra sem lei (ou com leis próprias) voltando por vontade própria (hummm) aos campos de Goyaz hehe... O mundo dá voltas!
Bjs,
Flávia
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