18 de dez. de 2008

A fascinação do difícil

O prazer do difícil tem secado
A seiva em minhas veias. A alegria
Espontânea se foi. O fogo esfria
No coração. Algo mantém cerceado
Meu potro, como se o divino passo
Já não lembrasse o Olimpo, a asa, o espaço,
Sob o chicote, trêmulo, prostrado,
E carregasse pedras. Diabos levem
As peças de teatro que se escrevem
Com cinqüenta montagens e cenários,
O mundo de patifes e de otários,
E a guerra cotidiana com seu gado,
Afazer de teatro, afã de gente,
Juro que antes que a aurora se apresente
Eu descubro a cancela e abro o cadeado.

The fascination of what's difficult, do Yeats, traduzido por Augusto de Campos, e uma fotografia do Cartier-Bresson, que adoro. Duas idéias: uma, que o poema acima não deixa de ser uma bela carapuça para mim; outra, a idéia original, era usar as montagens do Eisenstein como modelo pra frases, poesias e aforismos lado a lado com pinturas e fotografias... contrapontos. Funcionou? Pra mim a imagem é fantástica, mininim feliz, bunito!, orgulhoso, confiante... e o poeta já cansado, mas ainda querendo "descobrir a cancela e abrir o cadeado".

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