1 de jan. de 2013

2013

Ego non fingo hypotheses! (ver aqui)
Essa foi a maneira chique do Newton dizer: não tenho a menor idéia. Idéia com acento mesmo, que sem acento só terei idéias em 2016, que tia Dilma deixou.
Eu também, sobre 2013, fingo non hypotheses - mas acho que vai ser um daqueles paradigmáticos. Turnpoint. Melting pot. Tudo de bom. Nós e Brasília. O céu do cerrado e suas flores. E pra não deixar de ser repetitivo, um poema que eu repito há uns 10 anos, acho:


Promessas para o Ano

No ano que vem
vou fazer um check-up,
reformar os meus ternos,
vou trocar os meus móveis,
viajar no inverno,
como convém.

No ano que vem
vou me fantasiar,
desfilar na avenida,
decorar samba enredo,
vou mudar minha vida,
como convém.

No ano que vem
faço vestibular,
vou tocar clarineta,
aprender dançar valsa,
fox-trot ou salsa,
como convém.

E vou me converter
no ano que vem,
registrar a escritura,
vou pagar a promessa
e andar mais depressa.
Como convém.

No ano que vem
vou tratar dos meus dentes,
visitar uns parentes,
vou limpar o porão,
vou casar na igreja,
como convém.

No ano que vem
vou soltar busca-pé,
empinar papagaio,
vou comer manga-espada
e sentar na calçada,
até.

No ano que vem
vou pagar minhas dívidas,
apagar minhas dúvidas
e trocar o meu carro
e largar o cigarro.
Como convém.

No ano que vem
vou fazer um regime,
e vou mudar de time,
viajar para a França
e estudar esperanto.
Como convém.

Vou plantar uma rosa
no ano que vem
e escrever um romance
e fazer exercício,
desde o início,
como convém.

E entrar pra política
e me candidatar,
no ano que vem,
fazer revolução,
lutar na Nicaragua,
por que não?

E fazer uma plástica,
no ano que vem
e ficar destemido,
decorar um poema
e escrever pra você,
como convém.

Se não der certo, no entanto,
neste ano que vem,
vou deixar de cobrança
do que fiz ou não fiz.

Neste ano que vem
quero, como convém,
ser, apenas, feliz.

* Poema de Sérgio Antunes